segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A BUSCA PELO SAGRADO

  
A BUSCA PELO SAGRADO E OS RITOS DE PASSAGENS

   Nas sociedades antigas os ritos de passagem eram um grande evento. Por exemplo, a união sexual era sagrada. A iniciação sexual dos gregos se dava nos templos e eles chamava-no casamento de télos, a consagração, e o ritual nupcial assemelhava-se ao dos mistérios nos templos. Os egípcios e o maias eram iniciados nos templos através das sacerdotisas, que na Grécia se chamavam Hieródulas e em Roma, Vestais. Nessas sociedades os jovens eram conduzidos aos templos para sua iniciação sexual.

  As iniciações dos nossos índios Tupinambás se constituíam de rituais dolorosos de iniciação em que toda a tribo participava. Este é um ponto importante, mesmo que as provas nos rituais sejam difíceis e dolorosas a tribo (no sentido de grupo) e inclusive entidades sobrenaturais acompanham o neófito, que é assistido em sua passagem.

  A participação da tribo significa: “Você não é o primeiro, nem será o último, essa passagem é difícil e estamos aqui para lhe ajudar, agora você terá que ser forte”. Se o neófito conseguir vencer as provas do ritual, significa que ele está pronto para assumir as suas novas responsabilidades.

  No passado a iniciação sexual era acompanhada por toda a comunidade através dos rituais. Há décadas atrás, era costume o pai levar seu filho para o prostíbulo e ficar do lado de fora esperando o resultado. Talvez essa não seja a melhor forma de fazer a passagem, mas o fato é que a figura paterna estava presente e acompanhava o jovem nessa iniciação. Após o seu primeiro encontro com a meretriz o jovem tornava-se adulto, mas não é o ato sexual em si que importa e sim as transformações psicológicas trazidas por ele e que, de certa forma, remonta ao mundo imagético, à criação mítica da imagem que cada um tem do que é ser jovem e do que é ser adulto.

  Afinal o que diferencia um jovem de um adulto? A partir daquele momento o jovem deixava o seu mundo infantil e adentrava no mundo dos adultos.

  Em nosso tempo atual, não um momento definido em que o jovem deixa o seu mundo adolescente para assumir o adulto. É possível manter apegos infantis mesmo depois de casado e com filhos. Em nossa sociedade contemporânea os jovens são deixados à mercê de si próprios para fazerem seu ritual de passagem sozinhos, quando quiserem, como se fosse algo natural.

  O peso psicológico dessa passagem é grande, as migrações de uma fase a outra não acontecem de forma natural. O resultado é que o a passagem acontece de forma banal e sem assistência. Nosso herói está sozinho e o sagrado foi banalizado.

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